Acusações de conivência com facções e críticas à segurança pública federal acirram disputa antecipada para 2026

A recente troca de acusações entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evidenciou o agravamento da tensão política no país e reacendeu o debate sobre o combate ao crime organizado no Brasil. Em declarações contundentes, Caiado acusou Lula e o Partido dos Trabalhadores de serem historicamente coniventes com facções criminosas, em resposta a críticas da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
O embate teve início após Gleisi questionar a resistência do governador às investigações do Ministério da Justiça sobre possíveis vínculos entre o setor de combustíveis em Goiás e o crime organizado. Segundo a deputada, Caiado deveria agradecer o apoio federal em vez de se colocar como vítima de perseguição política. Em resposta, o governador reagiu com veemência: “Quem tem um histórico de conivência com o crime organizado é o presidente Lula e os governos do PT”, disparou.
Caiado classificou a divulgação de dados federais sobre Goiás como “tiro político” e sugeriu que o governo federal tem sido omisso no enfrentamento às organizações criminosas. O governador também destacou os avanços da segurança pública em seu estado, afirmando que a criminalidade foi reduzida em quase 90% nos últimos seis anos e que, em Goiás, “bandido não se cria”.
A tensão ganhou novos contornos com a crítica do governador ao novo modelo do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que, segundo ele, centraliza o poder em Brasília e enfraquece a autonomia das polícias estaduais. “Propõem que a polícia enfrente faccionados com flores”, ironizou Caiado, afirmando que o Brasil estaria “à beira de se tornar uma criminocracia”.
Dados alarmantes apresentados pelo Ministério da Justiça indicam um aumento nas atividades ilícitas no país, ampliando o desgaste do governo federal em relação às políticas de segurança pública. Para Caiado, a ausência de operações federais de impacto contra facções nos últimos anos é um sinal da falta de prioridade do governo Lula no combate ao crime.
A troca de acusações ocorre em um momento em que a pré-candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência da República, em 2026, começa a incomodar setores do Palácio do Planalto. A reação contundente do governador goiano é vista como uma tentativa de blindar sua imagem política diante das denúncias, que, segundo ele, têm o objetivo de “manchar sua reputação” e frear seu crescimento nacional.
“Já são quase dois anos e meio e não há notícia de uma operação sequer do Governo Federal contra os núcleos das facções que hoje dominam o Brasil”, criticou Caiado, reforçando que já havia denunciado anteriormente a infiltração do crime organizado na economia, especialmente no setor de combustíveis, sem que houvesse resposta efetiva por parte da União.
A escalada do confronto verbal revela não apenas o embate entre dois projetos políticos opostos, mas também a crescente preocupação com a segurança pública no país. O episódio antecipa o tom da disputa eleitoral que se desenha para 2026, com o tema do combate ao crime organizado ganhando ainda mais relevância na agenda nacional.