Alta reflete incertezas sobre o pacote fiscal do governo e decisões do Federal Reserve; mercado teme falta de aprovação de medidas ainda neste ano.

O dólar alcançou um novo recorde histórico nesta quarta-feira (18), fechando o dia com alta de 2,78%, cotado a R$ 6,267 na venda. Essa é a maior valorização da moeda americana desde a criação do Plano Real, em 1994. Durante o pregão, a divisa chegou a bater R$ 6,27 na máxima, enquanto a mínima registrada foi de R$ 6,09.
O aumento foi impulsionado por fatores externos e internos. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) anunciou um corte de 0,25 ponto percentual nos juros, mas indicou que novos cortes serão reduzidos em 2025, o que fortaleceu o dólar frente a outras moedas. No Brasil, a aprovação do texto-base de uma das propostas do pacote fiscal do governo na Câmara gerou reações negativas no mercado, alimentando o temor de que as medidas não avancem ou sejam esvaziadas.
Protesto na Câmara
Em meio à disparada do dólar, o deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB) realizou um protesto inusitado na Câmara dos Deputados. Ele foi flagrado distribuindo uma nota falsa de 1 dólar com o rosto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lugar de George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos.
Do outro lado da nota, a paródia mostrava uma cédula de R$ 100 com o valor alterado para R$ 6,20, simbolizando o patamar de cotação do dólar nos últimos dias. O ato foi uma crítica direta à gestão econômica do governo.
Histórico recente
Na terça-feira (17), o dólar já havia fechado em alta de 0,10%, cotado a R$ 6,0982, também um recorde até então. A nova disparada nesta quarta-feira reforça o cenário de instabilidade no mercado financeiro, com investidores apreensivos sobre a falta de clareza nas diretrizes fiscais e os impactos das decisões externas no Brasil.
Analistas avaliam que, para conter a pressão cambial, o governo precisa garantir maior avanço na tramitação do pacote fiscal e apresentar medidas que retomem a confiança do mercado.