Bolsonaro Patriota? Só nas frases de campanha

Hino nacional nas escolas, exaltação da bandeira, slogan de campanha. Foi com esses sinais que o presidente Jair Bolsonaro conquistou a admiração de muitos interessados em ‘defender’ o Brasil dos estrangeiros com a premissa de desenvolvimento. Com uma campanha carregada de notícias falsas e atuação de milícias digitais, Bolsonaro foi escolhido por grande parte do eleitorado brasileiro como o novo presidente patriota. Mas como pode um patriota votar a favor da exploração do pré-sal por petrolíferas estrangeiras? Como pode um patriota pedir aos EUA que explorem a floresta amazônica?

Cabe destacar que a política internacional adotada por Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores, contraria toda a história da diplomacia brasileira para desenvolver e fortalecer os povos da América Latina. A aproximação do governo com os EUA reforça o caráter entreguista dos Bolsonaro e já produz efeitos imediatos na economia nacional.

Apesar de ser o principal exportador de soja e milho do mundo, devido à instável política internacional de Bolsonaro, o Brasil deve perder um de seus principais mercados internacionais. É que o Ministro das Relações Exteriores da China visitou a capital estadunidense para tratar desse assunto, e, se tudo seguir como o planejado, a China passará a comprar a soja e o milho que os EUA compram do Brasil. É esse o patriotismo de Bolsonaro? Colocar novamente o Brasil em posição de obediência ao imperialismo?

De acordo com analistas da Bolsa de Chicago, responsável pela cotação dos preços desses produtos [milho e soja], o mercado ainda não sabe como reagir, pois, ‘ainda espera um acordo entre os dois países [China e EUA]’.

O publicitário Steve Bannon, assessor da campanha de Trump e idealizador do modelo para disparo de mensagens em massa [muito utilizado durante as eleições de 2018], fez uma recomendação ao Brasil: se afastem da China. Resultado? A China pode deixar de comprar US$ 30 bilhões de dólares em soja, milho, carne bovina e aves. Deixam de comprar do Brasil, para comprar dos EUA.

O conselho da Ministra de Assuntos Econômicos e Comerciais da Embaixada da China é exemplar. “O que falta ao Brasil é divulgação, é dar a conhecer seus produtos”. “A China tem 1,3 bilhão de consumidores e esse é um mercado enorme que o Brasil não pode perder”.  Já se buscarem alguma informação sobre as mamadeiras de piroca ou kit gay, talvez encontrem com facilidade.

Enquanto Trump defende a economia de seu país, Ernesto Araújo e Bolsonaro deviam defender a nossa. A trégua tarifária entre os EUA e China impõe sanções silenciosas ao Brasil, que finge não perceber. A submissão de Bolsonaro no cenário internacional custará muito ao Brasil. A burguesia nacional foi convencida a se apoiar num projeto entreguista que não demorou a ruir. “O Brasil está mudando”. E para pior.

Escrito por:

Osmam Martins tem 22 anos, é jornalista e assessor de comunicação.

Twitter: @osmam_martins

 

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