Nem todo caminho precisa ser fácil para ser bonito. Nesta quinta-feira, 17 de abril, acompanhei com minha câmera mais do que um simples movimento de pessoas: registrei uma verdadeira demonstração de fé, resistência e gratidão. Grupos de romeiros deixaram a cidade de Catalão, em Goiás, com destino a Vazante, Minas Gerais — em uma caminhada de aproximadamente 170 km a pé. Um trajeto árduo, repleto de calor, poeira, bolhas nos pés e promessas no coração.
São devotos que cumprem promessas feitas a Nossa Senhora da Lapa. Gente simples, gente de fé. A maioria carrega no olhar o peso da caminhada e a leveza da esperança. A devoção que move essas pessoas é algo que não se explica com palavras — por isso, meu papel como fotógrafo é tentar mostrar, em imagens, o que pulsa dentro delas.
Um dos grupos que fotografei saiu da cidade sob a bênção do ministro da palavra João Batista — meu pai, um grande devoto de Nossa Senhora da Lapa — da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, aqui mesmo de Catalão. Foi um momento forte para mim. Ver meu pai abençoando aquelas pessoas, enquanto eu registrava tudo com minha câmera, me lembrou que a fé também se transmite pelos gestos simples e sinceros.
Também acompanhei outros dois grupos saindo na mesma manhã de quinta-feira. A previsão de chegada deles a Vazante é para domingo ou segunda. O caminho é duro, mas eles seguem com coragem. Levam nas mochilas mantimentos, roupas simples e uma fé imensa que os impulsiona. São famílias e muitos grupos organizados. Todos com histórias marcadas pela superação.
Esse período que antecede a Festa da Lapa — celebrada nos dias 1, 2 e 3 de maio — é tradicionalmente marcado por essa movimentação intensa de romeiros. São pessoas que caminham por dias, enfrentam sol e chuva, fome e sede, mas não desistem. Porque a fé, para quem acredita de verdade, não conhece obstáculos.
Como fotógrafo documental, tento capturar mais do que o instante. Tento guardar o espírito do momento, o sentimento que transborda em cada passo desses peregrinos. A cada clique, me sinto um pouco também parte dessa jornada, mesmo que não esteja na estrada, estou acompanhando com o coração aberto e o olhar atento.
Com esses registros, eu, Lucas Machado, fotógrafo, dou início a um novo projeto que já pulsa em mim há algum tempo: um livro fotográfico sobre a fé que move caminhos. Essa peregrinação até a Festa da Lapa marca o primeiro capítulo dessa jornada — um capítulo que já está sendo escrito com passos, promessas e imagens. Ainda há muito a ser vivido, ouvido e fotografado, mas sei que esse início carrega a força e a essência do que virá. A fé dos romeiros é o fio condutor — e eu sigo com eles, com a câmera no peito e o coração aberto. A Festa da Lapa, lá em Vazante, é o destino. Mas o verdadeiro milagre acontece no caminho.
VEJA FOTOS DO FOTÓGRAFO LUCAS MACHADO:
