Alta nos preços dos combustíveis supera reajuste do ICMS, enquanto seca e calor impactam produção de café e laranja, elevando custos de bebidas essenciais.

Os preços dos combustíveis tiveram um aumento significativo em fevereiro de 2025, superando a inflação geral do Brasil. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,31%, os combustíveis subiram 2,89% em média. Parte desse aumento é atribuída ao reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No entanto, os preços médios dos combustíveis subiram além do reajuste do imposto:
Mas os preços médios dos três combustíveis subiram mais do que o reajuste de imposto:
- O litro da gasolina ficou quase R$ 0,16 mais caro, passando de R$ 6,346 para R$ 6,502 — alta de 2,45% e cerca de R$ 0,06 além do reajuste do ICMS;
- O etanol teve uma alta de R$ 0,17 por litro, de R$ 4,346 para R$ 4,513 — mesmo sem alta do ICMS;
- Já o litro do diesel S-10 ficou R$ 0,27 mais caro, de R$ 6,357 para R$ 6,629 — alta de 4,28% e com uma diferença de R$ 0,21 para o reajuste do ICMS.
Segundo Carlos Eduardo Navarro, especialista em Direito Tributário, o efeito cascata do ICMS, que incide no início da cadeia produtiva, é um dos principais motivos para a alta acima do reajuste do imposto. Além disso, fatores como o aumento do dólar (em torno de R$ 5,70), as oscilações no preço do petróleo e os custos logísticos também contribuíram para o encarecimento dos combustíveis.
A inflação em fevereiro afetou mais as famílias de renda mais baixa, com uma alta de 1,59%, impulsionada principalmente pelo aumento das tarifas de energia elétrica (16,8%), dos alimentos e das passagens de ônibus urbano e trem. Já as famílias de renda alta tiveram uma inflação de 0,90%, influenciada pelo reajuste das mensalidades escolares (5,7%).
Café e suco de laranja também sobem:
Além dos combustíveis, os preços do café e do suco de laranja subiram muito além da inflação no último ano. A seca e o calor foram os principais responsáveis por essa alta. No caso do café, a produção no sul de Minas Gerais foi afetada por temperaturas extremas, que reduziram a produtividade em até 50%. Além disso, a depreciação do real tornou o café brasileiro mais atraente para compradores internacionais, aumentando a demanda e os preços.
Já a produção de laranja foi impactada pela doença greening, que afetou mais de 40% dos pomares em São Paulo e Minas Gerais, e pela estiagem em 2024, que reduziu a produção em 1%. Esses fatores levaram a um aumento significativo nos preços do suco de laranja.
A combinação de fatores como reajustes tributários, condições climáticas adversas e alta do dólar tem pressionado os preços de produtos essenciais, como combustíveis, café e suco de laranja, impactando principalmente as famílias de renda mais baixa. A tendência é que esses custos continuem elevados, exigindo atenção dos consumidores e políticas públicas para mitigar os efeitos da inflação.