As contas do governo Lula, no entanto, seguem no vermelho. No acumulado de janeiro a novembro de 2024, registraram um déficit de quase R$ 67 bilhões. Ou seja, o governo gastou mais do que arrecadou

Em 2024, a arrecadação de impostos do governo federal brasileiro cresceu quase 10% e bateu recorde.

Somando tudo, o governo arrecadou em 2024, em impostos e contribuições federais, R$ 2,7 trilhões em valores atualizados pela inflação. A maior arrecadação dos últimos 30 anos, quando começou a série histórica. Segundo a Receita, o resultado é explicado pelo crescimento da economia, pelo retorno da tributação sobre combustíveis, retomada a partir de 2023, e por medidas adotadas pelo governo em 2024 – como a tributação do dinheiro que brasileiros aplicam no exterior, as chamadas offshore, e de fundos de investimento exclusivo.

Segundo a Receita, apenas essas duas medidas aumentaram a arrecadação em quase R$ 21 bilhões. A equipe econômica também destacou a arrecadação de R$ 18 bilhões com ações do governo para estimular que os contribuintes se regularizem com a Receita.

O secretário Robinson Barreirinhas disse que os números espelham a economia.

“Nós tivemos reativação de setores inteiros da economia, que, com esse aquecimento, passaram a recolher ou voltaram a recolher valores relevantes de tributos. Reflexo, portanto, desse aquecimento. É bom também destacar a mínima histórica do desemprego no Brasil. Então, grande aumento da massa salarial, que também tem um papel importantíssimo nessa arrecadação de 2024”, destaca o secretário da Receita Federal.
O governo conta com o resultado da arrecadação para cumprir a meta fiscal de 2024, que é de um déficit zero, com uma tolerância para um resultado negativo de até R$ 28,8. O resultado das contas públicas deve ser anunciado nos próximos dias. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no início de janeiro que o governo cumpriu a meta.

Mas as contas do governo Lula seguem no vermelho. No acumulado de janeiro a novembro de 2024, registraram um déficit de quase R$ 67 bilhões. Ou seja, o governo gastou mais do que arrecadou. E esse é o principal problema.

O economista Gabriel Barros ressalta que, apesar da arrecadação forte, as despesas do governo preocupam.

“Nós estamos vendo nos dados fortes de arrecadação, mas essa estratégia não é suficiente para entregar o resultado fiscal melhor. O governo precisa atacar a despesa, principalmente essas indexações. A despesa pública é muito indexada, muito vinculada ainda à arrecadação. Nós temos não só os gastos com saúde e educação que são vinculados à receita, mas também tem as próprias emendas parlamentares são vinculadas à receita. Então, todas essas questões de indexação e vinculação dos gastos precisam ser atacadas para que a gente consiga ter uma trajetória mais saudável das contas públicas. E esse resultado da receita, que de fato foi positivo, realmente reduz a dívida pública, que é a variável-chave hoje que o mercado olha”, explica Gabriel Barros, economista-chefe ARX Investimentos.

(Com informações, G1)